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Jardim Castanheiras |
O projeto “Torre Nômade - Dispositivos de Subjetividades” compreende a construção de um platô em áreas residuais da cidade, ou seja, desenvolve uma intervenção arquitetônica de caracteres lúdicos e efêmeros que atraia apropriações para esse espaço.
Através do dispositivo platô objetiva-se o uso dos terrenos vagos como campo de percepção aberto, circunstanciando a catalisação de apropriações criativas do espaço urbano. Uma Superfície plana, que pretende uma multiplicidade e sobreposição de coisas, em movimentos heterogêneos e fluxos mutantes, como encontros ao entardecer, apresentações musicais e jogos infantis.
Questiona-se o mau do solo urbano, sua retenção e especulação imobiliária, em contradição com a falta de áreas de lazer em determinados bairros. Articular um diálogo entre o proprietário dessas terras ociosas e a comunidade, uma estratégia de planejamento urbano a transformar terrenos baldios em Jardins Comunitários.
Espaço liso, feito de linhas de movimento. A máquina de guerra se constitui por uma certa maneira de ocupar o espaço. É uma invenção de populações itinerantes, que ocupam o território pelo deslocamento, por trajetos que distribuem indivíduos e coisas num espaço aberto e indefinido.
O corpo como o território primário, que na sua temporalidade permeiam o espaço e os funcionalizam.
A abertura dos espaços residuais da cidade para a apropriação dos mesmos, desperta na cidade um sistema dinâmico de áreas verdes até então negligenciados pelo poder público.
Em decorrência de dispositivos arquitetônicos que indiquem a possibilidade de uso temporário do espaço, os terrenos vagos passam a ser trabalhados como áreas comunitárias de livre exploração e encaminhamento, uma forma de arte mais efetiva e relacional, que cerca os interesses sociaiscom intuitos de ampliar as cognições entre sujeito-cidade.
A estratégia de articulação entre comunidade e proprietário de terrenos vagos, traz a tona a função social da propriedade imobiliária, prevista na lei LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001, Estatuto da Cidade, entendendo haver uma discrepância entre a falta de áreas verdes de lazer, praças ou espaços comunitários com a especulação imobiliária que cerca os terrenos ociosos.
Com princípios políticos envolvidos com a Reforma Urbana, o projeto tem um viés estratégico, qual busca gerar um ciclo sutil e continuo de ativismo e crítica sobre a condição dos espaços vazios na cidade, denunciando indiretamente e, sobretudo, as especulações imobiliárias e o mau uso do solo urbano.
Compreender práticas incluídas a princípiospoéticos da Estética Relacional (Nicolas Bourriaud), das Zonas Autônomas Temporárias (HakimBey), baseadas e inspiradas também a partir de intervenções e pensamentos dos arquitetos como Gordon Matta-Clark (BuildingCut) e Francesco Careri (Walkscapes – El andar como práctica estética), proposições para análises das condicionantes do espaço público, em consequência, reinventando-o através dum engajamento sensorial e perceptivo. Situados principalmente em romper e conflitar a ordem disciplinar do urbanismo, tencionando os limites e concepções de ocupação e aproveitamento dos espaços. À Exemplo, a colocação de Rem Koolhas em Entrevista publicada na Arch que em 1990 já previa tais questionamentos:
“Tendo em vista que atualmente o processo de construção tornou-se incontrolável, devemos trabalhar para preservar o vazio. O planejamento arquitetônico deve libertar-se para acomodar e dar espaço ao inesperado.” pg. 70.
As Torres Nômades (platôs, balanços, observatórios, mirantes, anfiteatros) são de simples execução, utilizando de materiais
O projeto propõe levantar e evidenciar símbolos culturais e ambientais quais estejam negligenciados pelos cidadãos, elementos construtivos da paisagem que evoquem a condição humana urbana e sua natureza. As atividades de extensão serão tratadas como forma de arte urbana contextualizada, e inserida em processos coletivos e colaborativos, os quais extravasam o suporte de um projeto acadêmico. Contanto funcionando como ativismo poético sobre o descumprimento da função social da propriedade, termo previsto na lei.
O ativismo poético sobre os vazios urbanos vem a trabalhar o conceito enfraquecido de espaço público. A apropriação dessas glebas desocupadas com pequenas ações que tragam o cidadão para um contato tátil e visual com o espaço urbano. Assim pretende-se estimular a criação de simbologias sensitivas sobre o espaço aberto, o jardim, o permear, o descanso e o encontro.